foto de uma menina de 7 anos na birmânia, ela está vestida para seu casamento.

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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Nascemos todos artistas !






Fragmentos retirados do Livro "O Zen-Budismo e a Psicanálise" por Erich Fromm e D.T. Fragmentos retirados do Livro "O Zen-Budismo e a Psicanálise" por Erich Fromm e D.T.Suzuki.

No tópico "O Inconsciente no Zen-Budismo" Suzuki confronta a tradição da ciência Ocidental com a atitude Zen de conhecer a essência das coisas pelo uso do "Inconsciente Zen" que se iguala a prática artística genuína, pois ela seria criadora, ao passo que a ciência que busca capturar e medir leva a morte seus objetos sem poder compreender sua totalidade, que é a sua ambição.

p.22
"Enquanto o cientista assassina, o artista busca recriar. Este último sabe que a realidade não pode ser alcançada pela dissecção. Por isso mesmo utiliza tela, pincel e tintas e procura criar com o seu inconsciente. Quando esse inconsciente se identifica sincera e genuinamente com o Inconsciente Cósmico, as criações do artista são autênticas. Ele realmente criou alguma coisa; sua obra não é cópia de nada; existe por direito próprio. Pinta uma flor que, se estiver florescendo no seu inconsciente, será uma nova flor e não simples imitação da natureza." (...)

p.23 - 24
"Ver não basta. O artista precisa entrar na coisa, senti-la interiormente e viver-lhe a vida. Diz-se que Thoreau foi muito melhor naturalista do que os naturalistas profissionais. O mesmo se dirá de Goethe. Ambos conheciam a natureza precisamente por serem capazes de vivê-la. Os cientistas tratam-na objetivamente, isto é, superficialmente. "Eu e tu" talvez esteja certo mas, na verdade, não podemos dizer isso; pois, assim que o dizemos, "eu" sou "tu" e "tu" és "eu". O dualismo só pode sustentar-se quando se apoia em alguma coisa não dualista."
(...)
"O inconsciente é algo que se deve sentir, não no sentido comum, mas no que eu chamaria o mais primordial ou fundamental dos sentidos. Isso talvez exija uma explicação. Quando dizemos, "Sinto a mesa dura", ou "Sinto frio", esse" gênero de sentir pertence ao domínio sensorial, em que se distinguem sentidos como o ouvir ou o ver. Quando dizemos, "Sinto-me só", ou "Sinto-me exaltado", isto já é mais geral, mais total, mais íntimo, mas ainda pertence ao campo da consciência relativa. O sentir o inconsciente, contudo, é muito mais básico, primário, e aponta para a idade da "Infância", quando ainda não ocorrera o despertar da consciência no seio da Natureza dita caótica. A natureza, porém, não é caótica, porque o caótico não pode existir por si mesmo. Trata-se meramente de um conceito emprestado a uma província que se recusa a ser medida pelas regras comuns do raciocínio. A natureza é caótica no sentido de ser o reservatório de possibilidades infinitas. A consciência que evolveu do caos é algo superficial, que mal toca a fímbria da realidade. Nossa consciência não é mais que um insignificante pedaço de ilha, a flutuar no Oceano que circunda a terra. Mas é através desse fragmentozinho de terra que podemos olhar para a imensa extensão do próprio inconsciente; e o senti-lo é tudo o que podemos ter, mas esse sentir não é pouca coisa, pois através dele nos é dado compreender que a nossa existência fragmentária logra sua plena significação, e assim podemos descansar seguros de não estarmos vivendo em vão. A ciência, por definição, nunca poderá nos dar o sentido da completa segurança e do completo destemor, conseqüência do fato de sentirmos o inconsciente.

Não se pode esperar que sejamos todos cientistas, mas fomos constituídos de tal forma pela natureza que todos podemos ser artistas — não, realmente, artistas especializados, como pintores, escultores, músicos, poetas, etc., mas artistas da vida. Essa profissão, "artista da vida", talvez pareça nova e muito estranha; na realidade, porém, todos nascemos artistas da vida e, por ignorá-lo, a maioria deixa de sê-lo, e o resultado é que fazemos uma embrulhada das nossas existências, perguntando, "Qual é o significado da vida?" "Acaso não defrontamos com o nada absoluto?" "Depois de vivermos setenta e oito, ou mesmo noventa anos, aonde vamos? Ninguém sabe", etc, etc. Informaram-me que a maioria dos homens e mulheres de hoje é neurótica por causa disso. Mas o homem Zen pode dizer-lhes que todos se olvidaram de que nasceram artistas, artitas criativos da vida e que lhes basta compreender esse fato e essa verdade para ficarem curados da neurose, psicose ou que outro nome tenham para a sua enfermidade".

Nacesmos todos artistas, e tal arte mais humana, é cura para si próprio !